Enterro Simbólico da Natureza Assassinada
Os moradores e amigos do Acupe promoveram, no último sábado (18), uma manifestação em repúdio à agressão impetrada ao bairro pela Construtora OAS.
Apoiada pelo orgão que deveria proteger os interesses da coletividade - a SUCOM - a construtora promoveu uma completa destruição num dos últimos resquícios de Mata Atlântica da cidade, aterrou uma nascente, expulsou a rica fauna nativa, etc, tudo em nome da ganância corporativa.
Tudo isso na calada da noite e nas sombras do dia, ignorando solenemente a necessidade dos estudos de impacto ambiental e vizinhança, por se tratar de área de preservação permanente e por gerar um verdadeiro nó no tráfego já caótico da região.
A escala da tragédia pode ser mensurada em projeções básicas: 06 (seis) novas torres, 671 (seiscentos e setenta e um) apartamentos, aproximadamente 2500 (dois mil e quinhentos) moradores e 2000 (dois mil) novos carros.
Como agravante, o fato de não haver saídas compatíveis, reduzindo-se a duas estreitas ruas residenciais que desembocam na já saturada Ladeira do Acupe.
Já imaginaram o caos nas horas de pico!
Os moradores já, e não pretendem deixar que esse absurdo se consolide!
A primeira ação, inaugurando uma série, foi essa manifestação de sábado, coroada de extremo sucesso.
Para vocês terem uma idéia, a obra, que atravessa incansavelmente noites e fins-de-semana, PAROU totalmente nesses dois dias.
O formigueiro humano, que atravessa noites, fins-de-semana e tempestades, PAROU!
A concentração foi no módulo policial do Acupe, local estratégico e politicamente correto, como verão em seguida. Um expressivo número de moradores e amigos conscientes marcaram presença e manifestaram todo o repúdio à situação.
As camisetas já indicavam o tom do protesto: CAMINHADA FÚNEBRE DA NATUREZA ASSASSINADA - Acupe de Brotas
A indignação não tinha idade.
A coragem de protestar também não!
A coragem de protestar também não!
Individualmente ou em família, o alegre acontecer da democracia!
Um grupo unido e consciente do direito de protestar, ao mesmo tempo que reconhece e respeita o direito dos outros de transitar livremente.
A localização estratégica harmonizava essas tendências aparentemente conflitantes. O movimento interditou apenas uma das pistas - tangente ao módulo - no sentido D. João VI / Vasco da Gama.
Os veículos que transitavam nesse sentido eram desviados pela contorno da praça, garantindo um fluxo tranquilo e contínuo.
No outro sentido - Ladeira / D. João VI, passagem livre, porém permeada pela rápida panfletagem que esclarecia os motivos da manifestação. Os motoristas eram convidados a buzinar caso apoiassem a causa, o que sempre acontecia.
Quando vinha algum ônibus que não conseguiria contornar a praça, a inestimável ajuda da Polícia Militar garantia a passagem na "contramão"!
No pequeno trecho interditado, um toldo, palanque, carro de som e os manifestantes. Sob o toldo, a área do "velório da Natureza Assassinada".
Pelo visor do caixão, cabelos / folhas da Natureza devastada!
No palanque livre, orientações, discursos, leitura de mensagens de apoio, músicas, enfim, todas as formas de denunciar o absurdo.
A Arte também esteve presente, com uma maravilhosa canção que conta as agruras de um comprador enganado. Vou tentar conseguir a letra para divulgar (breve).
Seria hilária, se não fosse verdadeiramente trágica !
O palanque também serviu para coletar as assinaturas que "abastecerão" o Ministério Público !
A cobertura da mídia foi intensa, reforçando a propagação das idéias e ideais.
O único momento em que as ruas foram interditadas foi na saída do enterro!
A Marcha Fúnebre deu o tom da caminhada, que durou apenas 50 metros, para não atrapalhar demais os transeuntes.
Distância exata da casa que servirá como sepulcro - exposição do caixão - na esquina de uma das ruas vitimadas.
Até a próxima ação !
OAS, TREMEI !
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