quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CBX 750F Black (01) - O Mito

  
Black is Back !

Pode uma moto "de série" virar raridade logo no lançamento ?


Para entender melhor essa história, uma breve contextualização: em meados dos anos 80, ou seja, cerca de 10 anos após a proibição da importação de veículos, os brasileiros tinham as CB 400/450 como raras opções em motos de maior porte, sendo que a grande maioria dos aficcionados tinham de se contentar com as 125cc.

As belíssimas e poderosas motos importadas antes de 1975 ainda custavam muito caro e, em grande parte, já apresentavam sinais da idade e intensidade no uso.

A Honda do Brasil resolveu analisar a aceitação de um possível grande lançamento e partiu para uma interessante pesquisa de campo: importou 700* motos diretamente do Japão e disponibilizou para venda em 1986.

O modelo escolhido foi, em função do carisma e prestígio das antigas 750Four, a renovada e apaixonante  CBX 750F que fora apresentada no Salão da França em 1984. Com três opções de cores no exterior - prata, vermelha e preta - todas as motos "brasileiras" vieram com acabamento Black, que acabou virando apelido oficial.

Tentem imaginar a repercussão gerada por um modelo top  aportando depois de dez anos de "secura" e defasagem tecnológica !

Revista 4Rodas

Aposto que a imaginação de vocês ficou aquém da realidade! O ágio cobrado pelos poucos exemplares disponíveis chegou a 400%, transformando a Black - segundo a imprensa internacional - na "750 mais cara do mundo!"


É fácil explicar esse fenômeno: demanda reprimida - 10 anos sem opções,  modelo surpreendente e baíxíssima oferta - aproximadamente dois exemplares para cada concessionária Honda do país. Vale ressaltar que muitas lojas guardaram um exemplar para o próprio acervo e disponibilizou para venda apenas o outro.

Para quem reparou o asterisco na quantidade (parágrafo acima), há menções sobre a importação de 800 exemplares, sendo os 100 excedentes usados em estratégias de marketing / merchadising, incluindo consignação / doação a celebridades e formadores de opinião.


Com o sucesso e repercussão da "pesquisa de mercado", a Honda animou-se a lançar um modelo nacional já no ano seguinte, com os índices de nacionalização progressivos. É exatamente nesse ponto que reside o status de raridade, mencionado na primeira frase: para "baratear" o modelo, muitas das inovações tecnológicas foram sacrificadas, incluindo o pneu dianteiro de 16 polegadas - trocado por um de 18, o sistema anti-mergulho da suspensão dianteira, grafismo, descargas 4x2 em cromo preto e, lamentável², as belíssimas rodas Comstar.

Enfim, sem querer desvalorizar as belas "sete galo" - 7+50 (galo no jogo do bicho) - nacionais, esse modelo foi único e inesquecível, uma raridade praticamente inalcançável que conquistou o sonho de milhares de brasileiros. O meu inclusive!

Lembrando que, há 26 anos, foram apenas 700 - ou 800 - exemplares. Entenderam porque a raridade é de berço?

Quantas ainda existem ? Em que condições ? E na Bahia ? Difícil responder, principalmente se considerarmos que o modelo foi muito utilizado em "corridas informais"!!!

Em Salvador conheço duas, em excelente estado, incluindo os escapamentos originais!

Uma delas está saindo da hibernação - mais de um ano parada - e marcará presença no 5º Encontro Anual de Veículos Antigos, na Praça do Campo Grande.

Black is Back !


Esse exemplar tem uma história interessante!

Guardada pela Boaterra e resgatada com baixíssima km por um pai idealista, seria o presente de 18 anos para um sortudo bebê. Convencido pela cuidadosa matriarca, acabou desistindo do projeto e disponibilizando para um antigo fã do modelo - do Veteran Bahia - que finalmente conseguiu realizar o sonho da juventude.

Hoje o exemplar tem apenas 35.000km e roda poucas vezes por ano, principalmente por seu valor histórico. Em 2012 nem isso, em função de uma proibição de ordem médica.

Painel completo e ainda moderno, apesar dos 26 anos.

A participação no Encontro Anual  deve-se ao apoio de nosso amigo - e sócio do Veteran - Ícaro Brito, que dedicou vários dias para despertar a bela adormecida. Como o piloto titular ainda está com restrições médicas a grandes acelerações, vibrações e pequenos impactos, caberá a Ícaro o prazer de conduzir o mito até o Campo Grande.


Imaginem o trabalho que deu combater os males da imobilidade e efeitos da nossa "bela" gasolina.

Parabéns Ícaro!

Mas o resultado valeu a pena e a Black já está de volta.



Praça do Campo Grande, dias 01 e 02 de dezembro.

Até lá!
  
    

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