quinta-feira, 9 de junho de 2016

Miniaturas para que?

Qual a vantagem?
(Original MiniMax - 15/06/2013)

Qual a graça em colecionar miniaturas - geralmente em metal - sem a possibilidade de acelerar o veículo de verdade? 

Apesar de reconhecer algumas limitações, posso garantir que as vantagens são muitas! Para não exagerar, citarei apenas quatro:design, custo, espaço e acessibilidade.

Acredito que a mais importante é a acessibilidade: alguns modelos são inatingíveis, seja por valor, antiguidade, raridade ou até inexistência. 

Observem, por exemplo, o Carcará - protótipo brasileiro recordista de velocidade - cujo original foi vendido para o ferro-velho a preço de alumínio. Seria apenas fotos, caso não existissem os modelos em escala reduzida.



Quantos protótipos, ou carros conceito, nunca chegaram à fase de fabricação? Quantas jóias se perderam ao longo do tempo, principalmente num país sem memória? Quantos exemplares, mesmo preservados, são únicos, portanto inacessíveis ?
Essa é uma das principais motivações do blog, que pretende unir a "mania de carrinhos" com a história dos "carrões". As outras vantagens abordaremos ao longo do tempo.


Vamos começar com um dos meus primeiros exemplares, um conceito único ...

Runabout de Bertone

Miniatura Gorgi Toys, fabricado na Inglaterra, década de 1970


Ele se parece com um bugre, um carro esporte e uma lancha ao mesmo tempo! É um exercício de estilo executado pelos designers doStúdio Bertone, que liberaram a imaginação sem a preocupação com convenções obrigatórias para os automóveis. Enfim, um protótipo apenas para experiências e exibições, sem viabilidade para fabricação em série - lembram da questão da acessibilidade?. O pára-brisa muito baixo, os faróis no santantônio e a falta de retrovisor externo são alguns dos ítens que comprovam a impossibilidade do uso normal.

Quatro Rodas

Como experiência, o Runabout testava conceitos que poderiam ser utilizados em carros do futuro. Os para-lamas, por exemplo, eram cambiáveis e poderiam se adaptar à largura e tala dos pneus usados. Montado com mecânica do Fiat 128 sobre o eixo traseiro, bastando inverter a posição do pinhão e coroa no diferencial para transformar a tração dianteira em traseira.


A revista Quatro Rodas  teve acesso ao protótipo e escalou nada menos do que Emerson Fittipaldi para o teste. O que mais chamou a atenção de Emerson foi a falta de instrumentos - reduzido a luzes espia e um único módulo parecendo uma bússola - e o pára-brisa baixo, reforçando a aparência de uma lancha. O efeito estético foi considerado excelente.

Emerson na Quatro Rodas


Como já mencionado, os protótipos não servem apenas para divulgação, afinal, algumas inovações podem ser aproveitadas em veículos de linha.  


Curiosidade

Runabout serviu de base para o estilo de um novo carro da Fiat italiana que, por sua vez, serviu de inspiração para uma réplica brasileira. 

O protótipo Bertone foi "civilizado" - com a inclusão de ítens indispensáveis ao uso normal - e lançado pela Fiat em 1972, com o nome X 1/9. Produzido até 1988, foi o carro com motor central mais vendido de todos os tempos, atingindo a marca de 170.000 unidades.


Aqui no Brasil a réplica - em fibra - do X 1/9 recebeu o nome de Dardo. O projeto (1978) da Corona S/A, pertencente ao grupo Caloi, foi capitaneado por Toni Bianco, que conheceu o Fiat no Salão de Turim em 1977. 


Apresentava mecânica 1.3 do Fiat Rallye, montado entre-eixos como o original.


 Os instrumentos foram herdados do mesmo 147 esportivo.


Apesar de exótico, caro e chamativo, apresentava acabamento precário, problemas crônicos no câmbio - genética 147 - e desempenho não compatível com o design. Saiu de linha em 1985, com cerca de 300 unidades produzidas.

Apesar dos problemas apontados, é um modelo raro e belíssimo, além de apresentar o DNA do ...

Runabout Bertone
    
     

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