segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Tempos heróicos ...

 
Evolução

O nível de preparação apresentado, atualmente, pela turma da Arrancada realmente surpreende e empolga uma grande legião de admiradores.

Se a  "fera" for um antigo, e um dos mais belos automóveis já fabricados no Brasil, aí o resultado torna-se realmente irresistível!

Opala de Arrancada no Encontro Mensal - Parque da Cidade

Observem, por exemplo, o moderníssimo - e seguro - tanque de combustível do fantástico Opala de Jakson Sodré, que acelera na poderosa categoria TS.


Mas nem sempre foi assim!

Nos primórdios do esporte aqui na Bahia, os carros representavam um misto de coragem, criatividade, improvisação e pitadas de amadorismo, com soluções que hoje arrepiariam as mais elementares normas de segurança.

Mesmo os bólidos mais estruturados e profissionais, que já começavam a despontar, ainda engatinhavam no quesito, adotando estratégias no mínimo temerárias. Havia uma certa aura de inocência, que priorizava a extrema redução de peso e consequente ganho no desempenho, mesmo sem o desejável suporte de equipamentos desenvolvidos especialmente para a categoria. Tudo estava muito no começo.

Alguns podem estar pensando: qual o motivo da menção?

Curiosidade e reconhecimento

Reconhecimento para os pioneiros da Arrancada, que corajosamente deram início a toda essa evolução.

Curiosidade por causa do Puma 07 de Campêlo, imbatível nas pistas e surpreendente nas soluções técnicas. Para os que ainda não sabem, o "felino" passa por uma rigorosa restauração, após muitos anos de hibernação, que pretende resgatar seu vigor e as impagáveis histórias.



O estágio atual do projeto é a recuperação do acabamento interno, o que nos conduz a uma adaptação criativa e pouco conhecida. O tanque original de combustível significava peso morto, portanto prejudicial à luta por frações de segundo, principalmente pela curtíssima duração de cada prova. Vale ressaltar que o volume de combustível necessário - no caso gasolina de aviação - era muito baixo mesmo considerando os mil metros das pistas na época.

O Puma Tubarão reinava nos Kms de Arranque, era um dos mais profissionais da época e apresentava um nível de preparação incrível em todos os seus componentes. Para vocês terem uma idéia, corria uma lenda que até a carroceria de fibra tinha sido exaustivamente lixada pelo lado de dentro, visando a redução de peso, sobrando apenas uma fina bolha. Posso adiantar que isso é puro delírio.


Retirado o tanque original, cujo espaço foi ocupado por um túnel coletor de ar para o radiador de óleo, os titulares criaram um pequeno tanque auxiliar, com o volume necessário para apenas uma puxada. Conheçam, em primeira mão, a incrível adaptação da vitoriosa dupla Campêlo piloto / Toninho preparador.


O reservatório plástico, com aproximadamente 5 litros de capacidade, teve um "pescador" adaptado à meia altura, reduzindo o volume utilizável para cerca de 3,5 litros.

A tampa, também plástica, recebeu um pequeno elemento filtrante, oriundo das torneiras de motocicletas, para proteger o necessário suspiro.


São pequeno detalhes que, sem dúvida, faziam grande diferença na desejável relação peso/potência. Segredos que agora temos o privilégio de conferir e resgatar.

O tanque original foi guardado, como todos os outros componentes "vítimas" do regime, que permitiriam remontar o GTE e, até mesmo, obter a placa preta.


Mas refazer uma "fera", invicta nas pistas, sem dúvida é a melhor opção, pois a história é inalienável !
     
      

Um comentário:

  1. Amigo Carlos Seixas, me lembro bem dessa epoca, eu ia para Stella Mares com uma turma de amigos, ver os grandes pegas daquele tempo e sem duvida o de Campelo e Conrrales era o mais esperado por todos.
    É muito bom resgatar estas memorias, pois nosso automobilismo e tão pobre até os dias de hoje.

    Odi Júnior - Fusca 77

    ResponderExcluir